terça-feira, 31 de março de 2009

Carpideiras do Outro Mundo


Para finalizar o mês de Março decidimos debruçar-nos sobre uma figura bem conhecida da cultura celta, a querida Bean Sí ou, para quem não percebe gaélico, a Banshee (não se preocupem que eu também percebo pouco...). Quem sabe o que é uma Banshee, quem sabe, quem sabe, quem sabe? Ahhhhhh....estou a ver que uma liçãozita é necessária.

Bem, conhecem a figura das carpideiras, muito utilizada no Médio Oriente? Aquelas senhoras que berram imenso quando morre alguém, chooooram imenso? Pois bem, tenho uma novidade para quem não sabe. Nessas terras longínquas era tradição contratarem-se mulheres para chorarem nos funerais (para carpirem, para ser mais correcta). Profissionalmente. Pena não me pagarem para isso. É que no meu trabalho eu faço isso de graça. É a vida.

Ora bem. Podemos dizer que a Banshee é a representação de uma carpideira mas de acordo com as tradições irlandesa, escocesa e de mais algumas partes das Ilhas Britânicas. Ou seja, uma carpideira etérea, uma mulher que descende do mundo das fadas, com quem o povo irlandês tem uma ligação muito forte, dizendo-se que muitos deles descendem, efectivamente, desses seres (v. Lenda dos Tuatha De'Dannan). O mais engraçado é que as pessoas acreditam efectivamente na existência das Banshee e que estas ainda são ouvidas e, algumas vezes, vistas. A base da Banshee é de que quando uma é ouvida, há alguém da família que irá morrer. Quando é vista, a pessoa que a vê é que pode ir fazendo contas à vida porque tempo não lhe restará muito.

O som que uma Banshee faz muitas vezes é definido como um lamento, um choro, quase uma canção tão triste que não tem melodia, só dor. Também há relatos, em Leinster, de que o choro da Banshee é capaz de partir vidro (agora percebo. A Mariah Carey é uma Banshee.). Quando vista, a Banshee pode aparecer numa de três formas: uma jovem mulher, uma mulher de meia-idade ou uma velha vestida de trapos. Estes três aspectos são coincidentes com os três aspectos da Deusa Celta da Guerra e da Morte, Morrigane. Na generalidade, podemos vê-la com uma capa cinzenta ou com as mortalhas de quem irá falecer. Pode ainda aparecer como uma lavadeira, lavando nódoas de sangue das roupas de quem irá passar para a vida seguinte, à beira de um rio. Nesta forma é chamada de bean-nighe (ban-nee, creio eu. A parte do ban eu sei que está certa, agora o neeeeee, tenho que confirmar quando começar a tirar o curso de gaélico. Sim, eu vou tirar um curso de gaélico, OK? Nem toda a gente é normal.). Têm habitualmente longos cabelos, que, segundo segundo alguns relatos, penteia com um pente de prata (esta história do pente deriva de uma confusão com crenças locais sobre sereias e originou novo mito de que nunca se deve juntar um pente na estrada para a Banshee não se zangar e aparecer mais cedo do que deve para se vingar.). Nas ilhas escocesas, a Banshee é representada com longos peitos. (Rapazes, nada de marcar vôos para a Escócia, OK? Ela continua a poder aparecer velha e horrível, nunca se sabe...)

Quando a Banshee desaparece, faz um som similar ao de um pássaro quando levanta vôo, o que levou à crença errónea de que a Banshee também pode fazer-se representar como um corvo ou outros pássaros associados, na Irlanda, a práticas de bruxaria.

De acordo com a tradição irlandesa, a Banshee só pode lamentar-se pela morte de membros das cinco grandes famílias da Irlanda - os O'Neills, os O'Briens, os O'Connors, os O'Gradys e os Kavanaghs (OOOOOO Neilllllllll vais desta pra melhorrrrrr, OOOOOO Kavanagh vais cavar não tarda naaaaadaaaaaa - desculpem o humor negro, eu sei que isto são coisas sérias. Mas se calhar com um bocadinho de humor não me bata uma Banshee tão cedo à porta hehe). Contudo, com os séculos de História que já passaram por estas famílias e os inúmeros casamentos interfamiliares, o leque de famílias por quem as Banshees carpem (é assim que se diz, não é?....:S) alargou-se imensamente. Quando várias Banshees se juntam para o lamento, é sinal que alguém de grande importância ou mesmo santo irá falecer. No século XV, o Rei James I da Escócia foi avisado do seu assassinato por uma Banshee em forma humana. Vá lá. Deu-lhe tempo pra se confessar. E para andar atrás do Duque que o queria matar. Mas morreu à mesma. E o Duque (que era tio do Rei) foi executado três dias depois. Se a Banshee tivesse avisado esse também, tinham ficado os dois vivos, de certeza... Bela novela mexicana que práqui vai...
Bem, para finalizar (que isto já vai comprido), podemos dizer-vos que a Banshee é uma figura que inspira ainda muita cultura à sua volta. Para verem como a figura se disseminou, podem ver uma animação interessantíssima em www.darkartsmedia.com/Banshee.html. Existe também uma banda polaca (imaginem só) de música celta que se chama Banshee (www.myspace.com/bandbanshee ou www.banshee.art.pl/index_en.htm) e uma banda canadiana de música folk com o mesmo nome (http://www.banshee.ca/). Há quem diga que, no videoclip da música (fabulosa) "Promises" dos Cranberries, o que lá aparece é uma Banshee. Eu continuo a dizer que é um espantalho saído do StarWars (http://video.msn.com/video.aspx?mkt=pt-br&vid=3d8a7b80-0c55-4cb6-91dd-2d0242ca4f0e). Até há um herói da Marvel que é o Banshee...( www.marvel.com/universe/Banshee). Tudo inventam...

Para os galhofeiros, deixo-vos uma receita de um cocktail chamado Screaming Banana Banshee hahaha (está em onças, façam a conversão que agora não tenho tempo...sorry): 1/2 oz de pisang ambon, 1/ oz de vodka; 1/2 de creme de cacau branco; 1 e 1/2 oz de natas e uma cereja. Misturar tudo no shaker (menos a cereja, não é...) com gelo e pôr num copo frio. Cereja no topo e já está! Enjoy!

Por hoje é tudo e peço desculpa por vos ter dado a ideia para o disfarce de Carnaval com um mês de atraso hahahaha!


Cheers!

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